Pra começar, esclareço que sempre achei que jogo e relacionamento
são definitivamente antagônicos, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra
coisa. Mas, como tudo na vida, sempre aparece quem ache conexão. Pois bem. A saga
quem vos sopra o 'cangote' da solteirice entra em campo pra driblar a
incompreensão.
Em tempos de pós
modernidade, é bem comum que as relações estejam permeadas pelo famoso
'joguinho'. Começa desde a paquera, há quem diga que não demonstrar interesse é
tudo o que há de mais cool na arte da conquista. Vai entender né?
Depois a
relação, que já não era verdadeira desde a conquista, evolui para um freelance
emocional, os pares, sempre com suas 'cartas na manga', forjam sentimentos
superficiais e por vezes inverídicos, só pra sair ganhando na mais valia da
solidão.
Se uma das partes
se envolve com mais intensidade, não demonstrar o que está sentindo é a bola da
vez, senão a relação esfria. Por outro lado, manter o chamego em banho maria
quando o interesse já não é lá grandes coisas, permite a liberdade para a
pessoa egoisticamente decidir se quer ou não quer permanecer na relação. Tudo
isso sem aviso prévio.
Não há clareza nas
relações pós modernas. As pessoas estão a cada dia mais individualistas, e como
individualistas, não podem nem sequer dividir sentimentos, impressões que
sejam, sobre como estão implicadas ou não no relacionamento em xeque.
Manter o par
aprisionado ou aprisionada pela espera de uma resposta de sms, whatsapp e essas
tecnologias que nos afastam cada vez mais do contato face a face, é tática
comum, banalizada e difundida entre os solteiros e solteiras mundo à fora. Tudo
sob o álibi do jogo, da estratégia e da individualidade. É caro Marx, o jogo é
capitalista selvagem.
O modelo
empresarial migrou e foi parar nos relacionamentos nossos de cada dia. O clima
de desconfiança alastrou-se e as pessoas sempre querem sair ganhando. Deixar-se
envolver pelos sentimentos é coisa de gente fraca. O jogo é parte integrante do
modus operandi dos atuais relacionamentos. Que pena. Pare o mundo que eu quero
descer, seu Raul.
Se é um jogo, onde está a regra? E se tem regra, cadê a clareza pra poder decidir se eu quero ou não ser jogadora?
É, ao que parece a artilharia está perdida na pequena área, em pleno clássico domingueiro. Jogada perdida por royal straight flush em aposta alta em mesa de poker.
Aviso aos jogadores: não há nada mais
interessante do que começar um relacionamento sabendo se ele será somente sexo
e amizade ou se haverá chances para um love history. Assim, com as cartas na
mesa, a pessoa envolvida tem a liberdade de decidir se permanece ou não na
jogada. Isso me parece tão mais simples. Sem contar que é verdadeiro. Sem
truques e estratégias.
Solteiros e
solteiras do mundo, uni-vos! Pela liberdade de escolha. Pela clareza nas
intenções.
E se é pra jogar,
digo sempre, deixem que ganhem de W.O, provavelmente a 'parêa' não valeria o lance.
Não cara Elis, prefiro viver e não aprender a jogar:
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